Voo Recife-Madri: após falha, ageira relata medo e desejo de desistir da rota
Aeronave precisou dar diversas voltas ao redor do Atlântico para queimar combustível e voltar ao aeroporto
Pela segunda vez, em menos de uma semana, os ageiros do voo AD8000 (Recife-Madri) - recentemente inaugurado, enfrentaram falhas técnicas que impediram o pleno cumprimento da rota, na noite da última quinta-feira (12). O voo era operado pela companhia EuroAtlantic Airways.
Ele tinha previsão de sair às 19h10 do Aeroporto Internacional dos Guararapes, Zona Sul do Recife, e chegar ao solo espanhol às 8h30 de hoje. Contudo, a aeronave embarcou às 23h25. Por conta da falha técnica, só aterrissou, no mesmo aeroporto, por volta das 2h30, após o cumprimento do processo de segurança para retornar.
A estudante de medicina Laís Valente, de 21 anos, estava na aeronave que tudo aconteceu e confessa ter ficado com medo. Ela e o primo, Eduardo Gonçalves, de 16 anos, compraram as agens há pouco mais de um mês. Cada um pagou R$ 5.600 para ir à Madri. O destino final deles seria Budapeste, capital da Hungria, para encontrar familiares. Os primos desistiram da rota Recife-Madri.
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“Seria uma viagem curta e de, basicamente, sete dias aproveitados lá. O plano era, inicialmente, de Madri, pegar uma conexão para Budapeste, já pensando em qualquer problema que pudesse acontecer. A gente chegaria às 8h. O nosso voo para Budapeste seria só às 20h. De lá, a gente ia para Montenegro e para Croácia. Na terça-feira [10], inicialmente, a gente se deparou com essa situação. Então, já ficamos incertos”, explicou ela.
Depois da primeira falha no voo da última terça (10), Laís alegou que procurou a companhia, que havia assegurado que o voo de ontem seria feito por uma aeronave da Azul Linhas Aéreas e não mais da EuroAtlantic, o que não aconteceu.
“Foi dito que a aeronave que sairia na quinta-feira, que era o dia do meu voo, seria com tripulantes e o avião da Azul, não dessa outra companhia. Ontem, confiando na palavra deles, a gente se deparou com outro cenário, e aí decidimos embarcar, já que estávamos aqui. Porém, aconteceu tudo isso, e até agora são mais de 12 horas de atraso e seguimos aqui no aeroporto, tentando resolver outras possibilidades”, complementou a jovem.
Depois do imbróglio, Laís e Eduardo optaram por desistir do voo direto.
Eles vão comprar uma agem pela companhia TAP, para tentar contornar a situação desagradável, uma vez que já não conseguem chegar a Madri no tempo planejado.
“A pergunta é: quem é o corajoso que vai, depois de dois problemas consecutivos? Por mais que eles aleguem, que dessa vez, vai ser aeronave da Azul, realmente exige muita confiança, e coragem”, complementou.
Medo
Para a estudante de medicina, o momento em que o avião precisou orbitar pelo Atlântico foi de bastante tensão. Ela confessa ter pensado que o pior iria acontecer.
“Foi bem desesperador. Foi comunicado, dizendo que se seguiria um protocolo. É muita coragem da companhia Azul assumir esse risco. Eu me lembro, ali todo mundo tenso. Para além da segurança, que é o mais importante, lidam com sonhos, com expectativas e com planos. Todo mundo se frustrou e ficou até não sei que horas aqui”, disse ela que, sequer descansou, desde a falha técnica no avião.
Voos realocados
A companhia Azul ofereceu serviço de hotel para os ageiros que não são pernambucanos. No caso de Laís e Eduardo, por morarem em Boa Viagem, foi ofertado o serviço de veículo por aplicativo.
O que foi feito, enquanto o avião orbitava no Atlântico?
O nome do processo dado à queima de combustível para que a aeronave possa pousar em segurança é ‘alijamento’. Essa técnica tem como objetivo diminuir o peso da aeronave para que ela possa ter um pouso de segurança. As voltas ao redor do mar aconteceram justamente para acelerar essa queima.
Estando muito pesado, o avião não vai frear ou vai sofrer um desgaste considerável nos sistemas de freios, aquecimentos e pneus.
O que a Azul tem a dizer sobre isso?
Procurada pela reportagem, a companhia reconheceu a falha e disse que “a decisão se deu de forma preventiva, de acordo com protocolos de segurança operacional. O pouso aconteceu sem qualquer intercorrência e os clientes foram desembarcados normalmente e em total segurança”.
“Um voo extra, operado pela Azul, está programado para esta sexta-feira, às 19h10, horário de Brasília. Todos os Clientes foram devidamente assistidos, conforme previsto na Resolução 400 da Anac. A Azul ressalta que medidas como essas são necessárias para conferir a segurança de suas operações, valor primordial da Companhia”, finaliza o comunicado.