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DEPUTADA

Carla Zambelli deve ser extraditada em breve, diz Lewandowski sobre deputada foragida na Itália

Durante evento em São Paulo, ministro da Justiça afirmou que já ''existe uma ideia'' de onde a deputada foragida esteja

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta sexta-feira, 13, que espera que o governo italiano extradite a deputada federal Carla Zambelli “o mais breve possível”.

Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por conta de uma invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli deixou o país pela fronteira com a Argentina, viajou aos Estados Unidos e, de lá, seguiu para a Itália, país do qual possui cidadania, na esperança de escapar da prisão.

— Já existe alguma ideia de onde ela esteja, e imaginamos que ela em breve será extraditada. Existem precedentes fortes de cooperação entre os dois países, Brasil e Itália. Nós temos um tratado de cooperação. A dupla nacionalidade, tendo em conta aquilo que se encontra consignado no tratado, não impede a extradição, até porque, ao contrário do que acontece com a Constituição brasileira, a Constituição italiana não impede que cidadãos italianos sejam extraditados — afirmou o ministro após participação no seminário “Desafios da Segurança Pública”, evento organizado pela Universidade Santo Amaro (Unisa).

O ministro citou como exemplo de extradição o caso do ativista italiano Cesare Battisti, que foi condenado na Itália por assassinato e se refugiou no Brasil.

— Como impera o princípio da reciprocidade, nós esperamos que o governo italiano extradite essa senhora para o Brasil o mais brevemente possível — concluiu o ministro.

Em 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu, no último dia do seu mandato, asilo ao italiano. Ex-membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti chegou ao Brasil em 2004 para evitar ser extraditado da França. Em 2007, foi preso no Rio de Janeiro e cumpriu prisão preventiva para fins de extradição na penitenciária da Papuda, em Brasília, até 2010.

Em 2018, o então presidente Michel Temer revogou a decisão de Lula e, com aval reiterado do STF, determinou a extradição de Battisti. O italiano, então, fugiu do Brasil, mas foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em janeiro de 2019. Como a entrada no país foi ilegal, a expulsão dele foi requerida pela Itália e acatada pelo governo boliviano.

Em 2020, o petista disse se arrepender de não ter extraditado o italiano — declaração que repetiu em 2021.

Pesquisa Datafolha
O ministro também comentou a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, que mostra que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é pior avaliado que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos critérios inflação e segurança pública.

Questionados sobre o desempenho do petista em ambos os assuntos, 50% responderam que ele é pior ou muito pior que seu antecessor no controle dos preços, enquanto 46% afirmaram o mesmo sobre o combate à violência.

O ministro disse ter sido pego de surpresa pelo dado referente à segurança, mas pontuou que, apesar da percepção da população, o tema é de responsabilidade dos estados.

— Eu recebi com surpresa esta estatística, ou essa pesquisa, mas, na verdade, a população precisa entender que, enquanto a PEC da Segurança não for aprovada, no sentido de permitir constitucionalmente que a União possa ter um papel mais relevante de apoio às forças estaduais e às forças municipais, a responsabilidade não é do governo federal — disse.

— Infelizmente, há um sentimento subjetivo de insatisfação da população com relação à criminalidade, mas, pelos nossos índices, apurados oficialmente, houve uma melhora substantiva em todos os setores — completou, pontuando que dados das forças de segurança sob responsabilidade do governo, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, apresentaram diminuição nos números de homicídios, furtos e apreensões de cocaína e maconha, com redução de até 10%.

Para lidar com a questão da segurança, Lewandowski ficou responsável pela PEC da Segurança Pública. Trata-se de um projeto que modifica a forma como o tema é tratado entre governo federal, estados e municípios. O texto inicial enfrentou resistência dos governadores, que reclamaram da perda de autonomia sobre o tema. Após meses de debate com os dirigentes estaduais, o texto foi alterado e, no início do mês ado, foi enviado ao Congresso.

Pontos da PEC
A PEC visa a conferir maior poder à União para combater o crime organizado no país. Internamente, uma ala defendia que a gestão Lula evitasse o assunto devido ao seu potencial de desgaste, enquanto outro grupo argumentava que a apresentação poderia ser um antídoto ao discurso de que a esquerda é leniente com a segurança.

O texto prevê a inclusão, na Constituição, da atribuição do governo federal de coordenar a atuação da União, estados e municípios na área da segurança. Caberia ao Executivo federal elaborar planos de enfrentamento à violência e cobrar metas.

As demais alterações na Constituição referem-se às novas competências da Polícia Federal, que teria a prerrogativa de investigar milícias e crimes ambientais, e da Polícia Rodoviária Federal, que aria a se chamar Polícia Viária Federal, responsável pelo patrulhamento de ferrovias e hidrovias, além de rodovias.

Outra mudança prevista na PEC é a atribuição de "policiamento ostensivo e comunitário" para as guardas municipais, o que está alinhado ao novo entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto.

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